Este exercício foi, provavelmente, a prova definitiva que eu era totalmente tresloucada. Estou espantada como não correram comigo a pontapé dali, porque até eu, admito agora, que isto é algo escrito por alguém com muito pouco juízo. Não me podem levar a lado nenhum que só faço asneiras.
Mas pronto, foi nos dito que descrevêssemos alguém a descer num elevador de vidro, que, de repente, via muita gente reunida lá em baixo -- e conforme ia descendo, apercebia-se do que estava a passar. Como odeio escrever descrição, o meu cérebro revoltou-se e foi isto que saiu. Não tenho explicação que não seja que sou totalmente doida.
***
Detesto elevadores. Locais abafados, apertados, cheios dos cheiros de todos os que passam por ali. Dá-me vontade de correr para casa e enfiar-me na banheira, desinfetar-me do cheiro destes animais. Mas os elevadores de vidro têm um certo encanto - é quase como se estivesse a voar. Consigo ignorar o fedor e o espaço apertado. Consigo até esquecer-me do ladrar imperioso do meu patrão, Max:
- Laika, traga-me água! Laika, leve estes formulários K9 ao Gabinete de Registo!
Mas o meu amor da viagem é destruído quando vejo um enorme grupo de pessoas à volta de algo mais pequeno. Algo está errado! Não deveria haver tanta gente aqui. Tento que o elevador vá mais depressa, sentindo um medo como um punho gelado a apertar-me o coração.
A princípio, não o reconheço, encolhido numa bola - mas, conforme o elevador desce, apercebo-me da sua presença no meio das pessoas.
Assusto-me. Será que respira?
O elevador para com um "ping" ensurdecedor e as portas abrem. As pessoas olham todas para mim, e eu, aterrorizada, fico imóvel. Ele levanta a cabeça, e reconheço-lhe o pêlo macio e o focinho bonito: é o Bobi, da Contabilidade. Grita:
- Foge, Laika! São pessoas sem dono! Devem ter fugido do canil!