Enquanto tirava um par de óculos escuros do bolso, Fernando descansou a vista no azul-negro do alcatrão da estrada. Ondas invisíveis emanavam das capotas do veículos estacionados ao longo do passeio, turvando quaisquer olhares desafiantes. Nem uma brisa se fazia ouvir.
Óculos assentes no nariz e o mundo filtrado a tons de castanho, o rapaz dirigiu-se ao café do costume, aquele que ficava no largo de S. Sebastião, em frente à fonte. Gostava de passar lá algumas tardes, a ler um livro ou um jornal e a beber café. Por vezes recostava-se e ficava a ver a pessoas a passarem na rua e a escutar conversas alheias que dançavam no ar à sua volta.
Estava entusiasmado com o novo livro que comprara na véspera. Iria começar a lê-lo quando chegasse ao café. De tal forma estava entusiasmado que fez o caminho a pé sem dar por ele.
Arranjou um lugar na esplanada por baixo de um guarda-sol meio enferrujado.
- Olhe... por favor... era uma bica e um copo de água.
A visão dos repuchos de água à sua frente faziam-no lembrar-se de sonhos por realizar.
Pegou no livro, virou-o ao contrário e iniciou a leitura pelo resumo na contra-capa.
Sam
